Meus olhos estavam começando a pesar, já havia passado algumas horas e a noite já havia caído sobre o Riacho da Paz, me encontrava deitado em um colchonete num deposito de mantimentos, pela porta entreaberta podia ver a feição tensa e pensativa de meu pai, iluminada pela lareira que havia acendido próximo a poltrona em que se encontrava sentado.
E ao que me pareceu um simples piscar dos olhos, horas se passaram e com isso a manhã havia vindo, e por entre a porta presenciei meu pai guardando um pequeno envelope em sua jaqueta, em sua frente se encontrava Peter.
Não vi sua chegada, mas estava nítido que o que tinham pra conversar já haviam conversado.
Me levantei e fui até a sala.
- Bom dia Samuel!
- Bom dia filho, vá se arrumar, em breve estaremos de saída e não temos tempo a perder.
Estava realmente curioso para saber o conteúdo da carta e da conversa deles, mas aquele momento se mostrou não ser o certo para tais perguntas.
Ao voltar devidamente pronto para o reinicio de nossa caça, o café da manhã estava pronto e me esperando.
Terminamos de comer e fomos em busca de nosso destino, Peter nos providenciou alguns pequenos lanches para levarmos, tudo que havíamos passado em sua cabana realmente me impressionou, não esperava tal hospitalidade de Peter, pelas histórias que havia escutado dele, o imaginava totalmente frio, antissocial e assustador, mas todas estas qualidades sumiam ao ter um contato mais próximo, mas sua fama, deveria continuar da forma que eu imaginava, pois assim ele emanava medo e ao mesmo tempo respeito perante aos estranhos que ameaçavam o Riacho da Paz.
Ao chegarmos ao fim das escadas, meu pai gritou a Peter.
- Pensando melhor, tenho alguns palpites sobre a carta, ao voltar para casa tirarei a limpo.
Peter respondeu: - Sabe aonde me encontrar, serei grato em ajudá-lo com qualquer coisa em respeito a Rose.
Meu pai reparou em minha feição intrigada.
- Não se preocupe filho, quando voltarmos irei te atualizar, eu sei o quanto ela foi e é importante para você também.
Com um sorriso no rosto ele me jogou os cantis de água.
- Encha eles no riacho, enquanto alimento Caninus.
Meu pai o libertou da Metal Ball, e de sua mochila tirou uma ração que ele mesmo fazia especialmente para o seu companheiro.
Tudo estava pronto, partimos então para a Floresta dos Insetos.
Meu pai havia decorado o trajeto em uma única ida à aquele local, achei aquilo impressionante, mas fiquei sem entender, quando chegamos no mesmo local em que paramos da ultima vez.
- Não entendo, não íamos contornar o paredão?
- Aquilo só foi uma história inventada para que pudéssemos pegar os cantis, se ele soubesse do meu plano não iria nos apoiar, e não quis me arriscar a contá-lo para você.
- Eu confio em você, mas alguma expressão sua poderia tirar a veracidade de minha história.
- Confie em mim!
- Abra os cantis.
- Caninus concentre-se no meio e se empenhe ao seu máximo: -
Flame Wheel -
O circulo de fogo perfurou e queimou os espinhos, abrindo assim o nosso trajeto.
- Não fique olhando Samuel! Apague o fogo!
Sai de meu transe, de que quem não estava entendendo nada, e junto com ele fui esvaziando e apagando o fogo com a água dos cantis.
Apos a fumaça se esvair, o túnel que as Brocadoras haviam feito no paredão se revelou, era do tamanho exato de uma, o suficiente para passarmos com algum esforço.
- Agora tudo faz mais sentido, brilhante idéia.
- Poderíamos ter tentado aquela vez, mas esses sete cantis vazios indicam que não iria dar certo.
Meu pai deu uma risada irônica, levantando os 4 cantis vazios que estavam com ele.
- Vamos prosseguir! Estas Brocadoras estão me intrigando a um tempo.
Passamos todos os três pelo túnel, do outro lado era um local mal iluminado, algo que parecia um verdadeiro casulo, contornado por arvores e raízes com espinhos.
A pouca iluminação estava focada em uma árvore mais antiga que todas as outras ao redor, bem ao fundo no centro.
Fomos caminhando até que meu pai me parou no meio do caminho.
- Samuel, algo está estranho, não estou escutando.
- Talvez elas não estão.
- Não é só o zumbido que sumiu, todos os sons se foram junto, a Floresta dos Insetos silenciou por completo.
Eu não havia reparado, mas o silêncio estava realmente pertubador.
Do meio da árvore que estava iluminado, saiu de um buraco dela um enorme ferrão, de longe o maior que já havia visto, questão de o triplo do tamanho, do maior que já havia visto.
E pela expressão de meu pai era algo realmente fora do comum.
O ferrão fincou na grama, e no mesmo instante o veneno dele apodreceu por completo a grama ao seu redor.
No mesmo instante inúmeros olhos vermelhos surgiram por todos os lados, depois vieram diversos zumbidos, quase ensurdecedores, até que algumas dezenas alçaram voo.
Estávamos cercados por uma quantidade de Brocadoras que eu nunca havia visto em minha vida inteira.
- Não se preocupe Samuel, Brocadoras são a nossa a especialidade.
- Não é Caninus?!
Caninus deu uma baforadas com leves chamas, como resposta positiva.
Com entusiamo pulsado por suas veias ele disse: - Que comece a caçada!